quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Sabedoria de Sri Aurobindo



É ISTO O FIM?


É isto o fim de tudo o que fomos,
E tudo o que fizemos ou sonhamos?
Um nome não lembrado e uma forma desfeita.
É isto o fim? 


Um corpo apodrecendo sob a laje de pedra
Ou transformado em cinza pelo fogo.
Uma mente dissolvida, perdidos seus esquecidos pensamentos.
É isto o fim?


Nossas poucas horas que foram e não mais são,
Nossas paixões outrora tão elevadas,
Sendo zombadas pela terra tranqüila e a calma luz do sol.
É isto o fim? 


Nossos anseios de elevação humana em direção a Deus
Passando para outros corações
Iludidos enquanto o mundo sorri para a morte e o inferno.
É isto o fim? 


Caída está a harpa, ela jaz despedaçada e muda;
Está morto o invisível tocador?
Por que a árvore tombou onde o pássaro cantava,
Deve o canto também emudecer? 


Aquele que na mente planejou e desejou e pensou,
Trabalhou para reformar o destino da Terra,
Aquele que no coração amou e suspirou e esperou,
Também chega ele ao fim? 


O imortal no mortal é seu Nome;
Aqui uma divindade artista
Em formas mais divinas, sempre se remodela,
Sem vontade de cessar. 


Até que tudo seja feito, para o que as estrelas foram criadas,
Até que o coração descubra Deus
E a alma se conheça. E mesmo então
Não há nenhum fim. 


(Texto extraído do belo livro "Sabedoria de Sri Aurobindo"; Editora Shakti).


“Se, no Vazio sem significado, a criação surgiu;
Se, de uma força inconsciente, a Matéria nasceu;
Se a Vida pode se erguer na árvore inconsciente,
E o encanto verde penetrar nas folhas esmeraldinas,
E seu sorriso de beleza desabrochar na flor,
E a sensação pode despertar no tecido, no nervo e na célula,
E o Pensamento apossar-se da matéria cinzenta do cérebro,
E a alma espiar de seu esconderijo através da carne, 
Como não poderá a luz ignota se lançar sobre o homem, 
E poderes desconhecidos emergirem do sono da Natureza?
Mesmo agora, insinuações de verdades luminosas como estrelas,
Erguem-se no esplendor da mente lunar da ignorância;
Mesmo agora, o toque imortal do Amante sentimos,
Se a porta da câmara apenas estiver entreaberta,
O que então pode impedir Deus de furtar-se para dentro,
Ou quem pode proibir seu beijo na Alma adormecida?”
- In Savitri –
- Sri Aurobindo


Nota de Wagner Borges:


Savitri (do sânscrito): Raio solar ou feixe destes raios; célebre hino de Visvamitra em homenagem ao sol. Sobrenome de Uma ou Parvati, a Mãe Divina, esposa de Shiva; nome próprio da mulher de Satyavan no épico “O Mahabaratha”; e também nome de um épico escrito pelo sábio Sri Aurobindo.


Sri Aurobindo (Aurobindo Ghose - Índia, 1872-1950) foi um dos maiores mestres da Índia. O seu trabalho tornou-se conhecido como “O Yoga Integral”, porque, como ele dizia, “Toda vida é Yoga”. Para mais detalhes sobre os seus escritos inspirados, ver o excelente livro “Sabedoria de Sri Aurobindo” – Editora Shakti, e o site da Casa Aurobindo no Brasil: http://br.geocities.com/casa_sri_aurobindo/

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